Durante muito tempo resisti em definir as pessoas como boas ou ruins, simplesmente. Preferia adotar um sistema de classificação pessoal que me permitisse ver a todos como uma mescla de comportamentos que ora pendiam para um lado, ora para o outro. Não gosto dessas visões reducionistas, que traduzem tudo como preto ou branco. Sem nuances. Motivados por interesses individuais, cada um de nós manifesta suas características positivas ou nefastas ao sabor das circunstâncias. Nem nos preocupamos muito em controlá-las. Geralmente são inofensivas ou, quanto muito, de curto alcance, visando prejudicar algum desafeto do momento.
A convivência quase que diária com alguém que se inclina claramente para o mal está fazendo com que eu mude de opinião. Sim, em algum instante de nossa vida acabamos esbarrando em criaturas que se comprazem em prejudicar os outros, que se nutrem de ressentimento e têm um total descaso pela dor que estão provocando. Criam um inferno ao seu redor unicamente por existirem. E assim o é porque fazem todo o esforço possível para escurecer o espaço que ocupam. São muito infelizes e projetam seu rancor sobre colegas e até desconhecidos.
Penso nesse ser embrutecido que, por enquanto, sou obrigado a suportar. À luz da psiquiatria, poderia ser catalogado como um psicopata. Tudo está bem desde que não seja contrariado. Porém, diante da menor adversidade, da discordância saudável que muitas vezes o contato mais próximo gera, o monstro que dorme dentro dele desperta. Muitas vezes não se dá em forma de agressividade, mas de ironia, de frases de sentido dúbio, de sorrisos debochados. Exercita sua crueldade sem perder a calma. Desconfio que seria capaz de matar alguém com uma frieza digna de um personagem de Hitchcock.
Sem poder, já tem se revelado perigoso. Fico imaginando se tivesse algum cargo, como se deleitaria em espalhar terror e medo a quilômetros de distância. Muitas vezes me ponho a observar o tipo de linguagem que usa, como se veste, os amigos ao redor de quem gravita. Tento traçar um perfil mais exato na tentativa quase desesperada de me proteger. Tudo em vão, pois se há uma característica que define essas almas doentias é a inteligência ou, mais precisamente, a astúcia. Costumam ser excelentes profissionais, os primeiros a chegar e os últimos a sair de sua sala de trabalho. Aparentemente amam o que fazem, mas o propósito é outro. Ao se excederem em suposta dedicação nada mais pretendem do que abocanhar todo conhecimento possível para que ele não seja dividido com mais ninguém. O nome correto que se deve dar a isso é egoísmo.
Gostaria de estar, por algumas horas, dentro de sua cabeça psiquicamente deformada. Será que sente remorso? A dor dos outros o deixa indiferente? Pode-se esperar que mude? Questões para as quais acredito não obterei resposta alguma. Enquanto isso, reflito sobre a natureza do mal, sobre o que nos leva a sentir prazer em humilhar quem partilha conosco a alegria de estar produzindo, de estar em contato com quem pode nos ensinar a alquimia da existência.
Talvez um dia os laboratórios farmacêuticos consigam inventar um remédio que cure esta patologia. O pequeno consolo que nos resta é saber que provavelmente todo o veneno que destilam também circula em suas veias. Imagino-os retorcendo-se interiormente em busca de novas ideias maquiavélicas. O cansaço que isso deve dar! Que os deuses nos protejam de quem se compraz em matar. Mesmo que seja só com palavras.
A convivência quase que diária com alguém que se inclina claramente para o mal está fazendo com que eu mude de opinião. Sim, em algum instante de nossa vida acabamos esbarrando em criaturas que se comprazem em prejudicar os outros, que se nutrem de ressentimento e têm um total descaso pela dor que estão provocando. Criam um inferno ao seu redor unicamente por existirem. E assim o é porque fazem todo o esforço possível para escurecer o espaço que ocupam. São muito infelizes e projetam seu rancor sobre colegas e até desconhecidos.
Penso nesse ser embrutecido que, por enquanto, sou obrigado a suportar. À luz da psiquiatria, poderia ser catalogado como um psicopata. Tudo está bem desde que não seja contrariado. Porém, diante da menor adversidade, da discordância saudável que muitas vezes o contato mais próximo gera, o monstro que dorme dentro dele desperta. Muitas vezes não se dá em forma de agressividade, mas de ironia, de frases de sentido dúbio, de sorrisos debochados. Exercita sua crueldade sem perder a calma. Desconfio que seria capaz de matar alguém com uma frieza digna de um personagem de Hitchcock.
Sem poder, já tem se revelado perigoso. Fico imaginando se tivesse algum cargo, como se deleitaria em espalhar terror e medo a quilômetros de distância. Muitas vezes me ponho a observar o tipo de linguagem que usa, como se veste, os amigos ao redor de quem gravita. Tento traçar um perfil mais exato na tentativa quase desesperada de me proteger. Tudo em vão, pois se há uma característica que define essas almas doentias é a inteligência ou, mais precisamente, a astúcia. Costumam ser excelentes profissionais, os primeiros a chegar e os últimos a sair de sua sala de trabalho. Aparentemente amam o que fazem, mas o propósito é outro. Ao se excederem em suposta dedicação nada mais pretendem do que abocanhar todo conhecimento possível para que ele não seja dividido com mais ninguém. O nome correto que se deve dar a isso é egoísmo.
Gostaria de estar, por algumas horas, dentro de sua cabeça psiquicamente deformada. Será que sente remorso? A dor dos outros o deixa indiferente? Pode-se esperar que mude? Questões para as quais acredito não obterei resposta alguma. Enquanto isso, reflito sobre a natureza do mal, sobre o que nos leva a sentir prazer em humilhar quem partilha conosco a alegria de estar produzindo, de estar em contato com quem pode nos ensinar a alquimia da existência.
Talvez um dia os laboratórios farmacêuticos consigam inventar um remédio que cure esta patologia. O pequeno consolo que nos resta é saber que provavelmente todo o veneno que destilam também circula em suas veias. Imagino-os retorcendo-se interiormente em busca de novas ideias maquiavélicas. O cansaço que isso deve dar! Que os deuses nos protejam de quem se compraz em matar. Mesmo que seja só com palavras.
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