sábado, 25 de setembro de 2010
#MarisaMonte – A Sua
Que estou pensando em você
Agora e sempre mais
Eu só quero que você ouça
A canção que eu fiz pra dizer
Que eu te adoro cada vez mais
E que eu te quero sempre em paz
Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem
Eu só quero que você caiba
No meu colo
Porque eu te adoro cada vez mais
Eu só quero que você siga
Para onde quiser
Que eu não vou ficar muito atrás
Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você
E como eu te quero tanto bem
Aonde for não quero dor
Eu tomo conta de você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem
Eu só quero que você saiba
Que estou pensando em você
Mas te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem
E que eu te quero livre também
Como o tempo vai e o vento vem”
domingo, 19 de setembro de 2010
sem titulo!
Se você quiser me contar seus segredos
Sou de todo ouvido.
Se os seus sonhos não derem certo,
Estarei sempre lá para você.
Se precisar se esconder,
Terá sempre minha mão.
Mesmo se o céu desabar,
Estarei sempre contigo.
Sempre que precisar de um lugar,
Haverá meu canto, pode ficar.
Se alguém quebrar seu coração.
Juntos cuidaremos.
Quando sentir um vazio,
Você não estará sozinha.
Se você se perder lá fora,
Te buscarei.
Te levarei prá algum lugar
Se precisar pensar.
E quando tudo parecer estar perdido,
E você precisar de alguém
Eu estarei sempre aqui.
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz perenizada
Alquimistas emocionais
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Alguns seres caminham leves mesmo quando as coisas vão desmoronando
O riso e a dor chegam até nós como uma pedra em estado bruto. Alguns a lapidam e a transformam em algo translúcido, que deixa passar a luz. Outros, como Sísifos cansados, nada mais fazem do que transportá-la até o cume da montanha, deixando-a rolar novamente onde a pegaram. Em última instância, tudo depende de nós, da maneira como manufaturamos esse material que, em doses equilibradas ou não, compõe nossa maneira de ver e traduzir o que se passa ao redor.
É comum encontrarmos pessoas que tornam situações banais, pequenos tropeços, testes de sobrevivência cotidiana, uma verdadeira batalha de vida e morte. Estão viciados em sofrer. Tudo de ruim acontece com eles. Desde uma unha que lasca até uma doença grave. Vítimas desse exagero em se colocar no centro do mundo clamam o tempo todo pela compaixão alheia. Gravitam ao redor de amigos e até desconhecidos em estado de eterna confissão. Não duvido que seu sofrimento seja profundo, mas ele aumenta de proporção na medida em que se põe uma lupa sobre cada detalhe que o cerca.
Outros parecem passar incólumes por situações semelhantes. Sabem que a felicidade pode ser, sim, uma sucessão de breves intervalos entre o peso e a graça de existir. E por isso mesmo procuram tirar o máximo proveito. Uma espécie de força vital os joga sempre para o alto, para uma compreensão que não está atrelada aos fatos em que estão imersos. Não são simples sobreviventes – estes muitas vezes perigosos, porque carregados de rancor e desejo de vingança. Parecem estar constantemente disponíveis para o riso. Com uma espécie de dom sobrenatural, caminham leves mesmo quando as coisas vão desmoronando. Não sei se isso pertence à ordem do espiritual. Se é dádiva com a qual os deuses bafejam alguns, aleatoriamente, ou se é resultado de um longo trabalho de recolher de todos aqueles com quem convivem uma espécie de alimento suplementar para os dias de tristeza. Talvez tenham compreendido a lição de Lou Salomé: “A vida nada te dará, se quiseres algum presente, rouba-o.”
Encontramos também em Sartre uma observação valiosa. Ele dizia que o importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós. Talvez sejam necessárias sucessivas camadas de tempo para que essa lucidez surja. Para que possamos nos aquietar mesmo diante dessa estridência permanente, dessa desordem que parece definir a fisionomia do universo. Pontuar tudo com um porquê nos torna reféns, na medida em que precisamos de uma significação para qualquer coisa que nos aconteça. Não precisa ser assim. O olhar que flerta com o trágico pode ser, por mais paradoxal que pareça, uma forma de libertação. Uma maneira de desembaraçar essa vasta trama que muitas vezes é feita de acasos, de sorte ou fatalidade.
Os que se apegam ao riso aprenderam que não se deve permanecer escravo de circunstâncias que não estão sob o nosso controle. São intuitivamente estoicos. Inauguram, assim, uma humildade involuntária: reconhecem que não está em suas mãos mudar algumas partes do enredo. Não cedem à melancolia que tantas vezes se apossa da alma. Mesmo que cada vitória seja frágil, não ficam celebrando o sem sentido de tudo. Desconfiam da tristeza por saber que ela é uma espécie de suicídio lento, irrevogável. E seguem, livres do peso que é sentir-se estrangeiro em sua própria casa. Sabem se divertir porque tudo já passou. Sua memória pertence ao amanhã.
domingo, 12 de setembro de 2010
Carta a um amigo apaixonado
Eu nada te posso dizer sobre o amor. Esse mistério que nasce do mistério e nele termina. Essa luz azul que faz as palavras se recolherem num deserto de silêncio e êxtase. Ele rasga o humano e se instala em outra esfera. Mas me falas que estás apaixonado e, com o coração crispado de alegria e impaciência, buscas algo que te traduza. Ouço-te, mas são teus olhos que me interessam. Eles já não repousam sobre os objetos e as pessoas que antes mereciam tua atenção. Tudo em ti se transformou no desejo pela criatura amada. Esse desejo que inaugura a claridade em tudo que tocas.
Tu, que sempre foste sereno, começas a te surpreender com acelerações cardíacas, tremores involuntários e a pouca necessidade de repousar. Aos 23 anos talvez seja essa a primeira vez que o amor te expulsa de dentro da concha. Lembra-te daquele verso avulso do Quintana: “Amar é mudar a alma de casa”. Por tempo indeterminado estarás ocupando uma morada que antes nem pensavas que existisse, senão em tua imaginação. A paixão promove esse exílio consentido e nos instala numa espécie de paraíso não sonhado. Embora te digam que é pura biologia e que, diante da razão, é possível traduzir essa desordem interior, não acredites. O que se passa não pode ser formulado, mesmo depois de ter sido vivido por quase todos os seres humanos. Ele apenas cobra de nós a entrega. A coragem da entrega, o mais íntimo dos atos.
Talvez te interesses por poesia ou por encontrar uma música que vá tornar as coisas mais sólidas e significantes a teu redor. Porque é sempre assim, nesse estado de enamoramento. Tudo se surpreende líquido, tudo escorre entre os dedos para colorir as mãos do ser amado. Não acredites na pura transcendência do que estás sentindo. É com tuas vísceras, com o que há de mais orgânico em ti que amas. Se assim não fosse, a ausência não seria essa lâmina quente que atravessa cada centímetro do teu ser. Bastariam caneta e papel para dar conta dessa felicidade que é também uma espécie sutil de dor. Mas não. Cada minuto longe é suplício de membro sendo arrancado, de fome que não encontra saciedade.
Explora, exaure, mastiga. Sê o mais perdulário que te for possível. Esquece tudo que não te contamine com a única presença que te faz vivo. Adoece de amor. Torna-te antigo como Abelardo e Heloísa, como Tristão e Isolda. Que tu só encontres a desmesura, aquilo que transborda. Alimenta essa febre que te consome e te torna mais forte. Algum dia ela será tua melhor recordação, o Éden que nenhum deus poderá te dar. Pensa na solidão do próprio Deus, que pode amar a todos, mas não a um ser escolhido. A eternidade já está em ti, mesmo que não dure mais que alguns anos ou mesmo meses.
Por esses dias descobrirás outro sentido para a Beleza. Ela será mais importante que a Verdade. Deixa-te enganar. Só os muito tolos a perseguem quando estão apaixonados. Tudo a teu redor gravita como um redemoinho e tua lucidez será não tentar o entendimento, esse reino da ordem que pertence aos que buscam o poder, não o amor. Leia pouco, o menos que puderes. Obedece apenas ao coração, o único órgão que não te trairá. Se quiseres ser confortado com algumas frases, abre qualquer página de uma das mais belas obras que um homem foi capaz de escrever: Os Frutos da Terra, de André Gide. Escuta: “Por muitas coisas deliciosas, Nathanael, eu me usei de amor. Seu esplendor vinha de por elas arder sem cessar. Não podia enfastiar-me. Todo fervor era um desgaste de amor, um delicioso desgaste. Agir sem julgar se a ação é boa ou má. Amar sem se preocupar se é o bem ou o mal. Nathanael, eu te ensinarei o fervor.”
Que estas palavras te ensinem a esquecer as palavras. Parte para longe delas. “O amor é uma eflorescência sobre a morte.” Salva-te.